Carta pastoral – Novembro de 2020 – ano V – 164
Série: “Jornada 12 em 4”
“Mais do que paixão - Amor”
Texto para ler: João 14.21; Lucas
6.46-49
Vivemos em uma época que valoriza
muito os sentimentos e as experiências intensas. Isso se dá tanto no meio
secular quanto no religioso. Os jovens têm buscado programas que lhes
proporcionem grandes quantidades e diferentes qualidades de emoções. Muitos,
tanto jovens quanto adultos, têm se entregado às drogas em geral, na busca de
sensações
que lhes deem alívio e prazer. As
propagandas têm ressaltado o bem-estar que os produtos e serviços oferecidos podem
proporcionar aos seus consumidores. Na igreja, eventos que ofereçam grandes e
diferentes emoções são buscados. Os cultos que proporcionam sensações de alívio
e bem-estar são os melhores e mais procurados.
Uma
das consequências dessa atual tendência é uma visão distorcida do conceito de
amor. O amor tem sido e definido como um forte sentimento de uma pessoa por
outra, ou de uma pessoa por algo. Declarações como “eu te amo” são consideradas
verdadeiras e sinceras se motivadas e envolvidas por intensas emoções. Os
casais de namorados, incendiados pelo fogo da emoção, baseiam o relacionamento
nesse sentimento e querem experimentar tudo o que ela o pode oferecer. Quando a
emoção acaba, julga-se que o namoro também acabou e a solução é procurar por
outro relacionamento, onde as mesmas e novas experiências possam ser
vivenciadas. Com os casais casados acontece o mesmo. Quando a emoção diminui ou
se vai, conclui-se ser o fim do casamento e relações extraconjugais ou o
divórcio são alternativas procuradas. Na igreja, durante os momentos de louvor
e adoração dos cultos, motivados pela música e emocionados, os fiéis declaram
sua paixão por Jesus, dizendo-lhe que Ele é o amado de suas almas. Entretanto,
não é assim que a Bíblia define o amor. Para Jesus, o amor não é um sentimento
e não se manifesta principalmente através de emoções, mas é uma atitude, e uma
atitude de obediência. É sobre isso que iremos refletir hoje:
1.
Ter
os mandamentos. Para
se viver uma vida de obediência e, consequentemente, amar verdadeiramente a
Cristo é necessário, primeiramente, ter os seus mandamentos. O verbo ter, nesse
contexto, significa se apossar da vontade de Deus registradas nas Escrituras
Sagradas, através de uma profunda, constante e interessada busca por elas. É
ler e estudar a Bíblia, procurando conhecer as ordenanças de Deus para seus
filhos. Assemelha-se a ir a um supermercado com um carrinho de compras e,
chegando a uma banca, tomar posse de seus produtos e colocá-los no carrinho. A
ação é tirar as palavras das páginas bíblicas e colocá-las na mente, ou seja,
ter conhecimento de cada uma delas.
Vale ressaltar que não recebemos
mandamentos do Senhor apenas através da Bíblia. O nosso Deus é um Deus que fala.
Em nossa caminhada diária, ouvimos sua voz nos dando diversas orientações e
ordens. Cabe a nós ouvi-las com muita atenção e não as perder! Você tem lido a
Bíblia à procura de mandamentos para obedecer? Enquanto lê a Bíblia ou ouve uma
mensagem, sente-se confrontado em seu estilo de vida e desafiado a mudanças
práticas? Você já teve a experiência de sentir o Espírito Santo conduzindo-o a
uma atitude ou ação diferente durante sua leitura bíblica?
2.
Guardar
os mandamentos. Ter
os mandamentos é apenas o primeiro passo do processo de obediência. Há um
segundo: o guardar. Esse verbo, nesse versículo, tem o sentido de obedecer,
cumprir. Após tomar ciência das vontades divinas, a próxima ação é realizá-las.
Continuando a ilustração acima,
assemelha-se a, chegando em casa com a sacola de compras cheia com os produtos
do supermercado, ingeri-los, buscando deles a energia necessária para as
atividades do dia-a-dia. Estando de posse dos mandamentos do Senhor, devemos
nos apropriar ainda mais deles, deixando que eles caiam em nossos corações e
interfiram em nossa maneira de viver. Eles devem fazer parte de nós e gerar a
energia que vai impulsionar e motivar atitudes em obediência à vontade de Deus.
A ênfase de Jesus sempre foi à
prática de sua Palavra nos mínimos detalhes de nossas vidas. O texto de Lucas
6.46-49 nos mostra essa verdade. No conceito de Jesus, é correto alguém
chamá-lo de Senhor e não fazer o que Ele ordena?
Amar
a Deus é obedecê-lo e isso passa pelo processo de ter e guardar os seus
mandamentos. A partir disso, três tipos de pessoas podem ser identificados; aqueles
que não têm e, consequentemente, não guardam os mandamentos; aqueles que têm,
mas não guardam os mandamentos e aqueles que têm e guardam os mandamentos. Em
qual dos três grupos você se encontra? Em qual deles gostaria de estar?
O
nosso amor a Deus não é manifestado apenas nos cultos dominicais ou de semana, levantamos
as mãos e dizemos a Deus que o amamos. “Aquele que tem os meus mandamentos e
os guarda, esse é o que me ama”. O amor a Deus é demonstrado
prioritariamente quando obedecemos aos seus mandamentos. Falar que amamos não é
suficiente. Atitudes se fazem necessárias. Quanto a isso, Jesus disse o
seguinte: “Nem todo o que me diz: Senhor, Senhor! entrará no reino dos céus,
mas aquele que faz a vontade de meu Pai, que está nos céus” Mt 7.21.
Em Cristo Jesus, esperança da Glória.
Até a última casa!
Pr. Luiz Antonio
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