Carta pastoral – Dezembro de 2020 – ano V – 168
Série: “Jornada 12 em 4”
“A prática do Amor”
Texto para ler: Lucas 10.25-37
Queridos e amados irmãos, que a graça e paz do Senhor seja sobre sua
vida e sua família.
A Parábola do Bom Samaritano
é uma das histórias contadas por Jesus mais conhecidas. Não se sabe ao certo se
o relato está baseado em fatos reais ou se é puramente fictício. Contudo, sendo
real ou não, é grande a influência do gesto desse samaritano ao longo da
História. Muitas foram e ainda serão as iniciativas inspiradas por ele. Desse
texto, podemos extrair as seguintes lições:
1.
Saber e não fazer é o mesmo que não saber. O texto começa com um
conhecedor da lei fazendo um pergunta mal-intencionada a Jesus: “Mestre, o
que preciso fazer para herdar a vida eterna?”. Jesus, como mestre que era,
responde à pergunta com outra: O que está escrito na Lei? Como você a lê?
O doutor da lei, enquanto profundo conhecedor da Lei, respondeu citando dois
mandamentos, os quais Jesus considerava os maiores Mateus 24.27: “Ame o
Senhor, o seu Deus, e o seu próximo como a si mesmo”. Jesus, concordando
com a resposta, mas querendo confrontar o doutor, disse: “Você respondeu
corretamente. Faça isso, e viverá”. A pergunta do doutor da lei buscou o
que ele precisava fazer para herdar a vida eterna. A resposta de Jesus lhe
disse que ele precisaria não apenas saber a resposta, mas praticá-la. Afinal,
ele procurava pelo que deveria ser feito. Saber a resposta certa não seria
suficiente caso ela não fosse colocada em prática. Fazer é diferente de saber,
especialmente quando se trata do amor. De que adianta conhecer sobre o amor,
mas não o praticar? Qual a distância entre o que você sabe e o que pratica
quanto ao amor?
2.
A razão de nossas vidas é o amor. Quando Jesus disse ao
doutor que ele havia respondido à sua pergunta corretamente, de alguma maneira,
concordou que, para se obter a vida eterna, a prática do amor é necessária. Com
isso, certamente, não quis dizer que a salvação de uma pessoa se dá através de
suas obras de amor. A salvação é pela graça mediante a fé Ef 2.8-9.
Contudo, podemos afirmar que Jesus quis dizer que a vida verdadeira não é
possível fora do amor, ou seja, só desfruta verdadeiramente a vida aquele que
se dedica à prática do amor. A razão de ser da vida é o amor e, por isso, ele é
a essência da Lei de Deus, a qual quer ensinar aos homens a como viver. Assim,
quem vive sem a prática do amor tem uma vida vazia e sem sentido. Ao contrário,
quem pratica o amor tem uma vida plena e satisfatória.
3.
Seja o próximo de alguém. Após receber a resposta de Jesus, o doutor
da lei, querendo se justificar, perguntou: “E quem é o meu próximo?”. A
essa pergunta, Jesus respondeu contando-lhe a Parábola do Bom Samaritano.
Terminada a história, ele perguntou ao perito: “qual destes três você acha
que foi o próximo do homem que caiu nas mãos dos assaltantes?”. Que
curioso! A pergunta do doutor da lei buscava por quem seria o seu próximo. A de
Jesus, contudo, procurava por quem tinha sido o próximo do homem em
necessidade. Ao que parece, Jesus e o doutor pensavam sobre o próximo de modo
diferente. Mas não estaria a perspectiva do doutor da lei de acordo com o
mandamento citado e, portanto, correta? Por que Jesus apresentou o próximo de
uma maneira diferente? O doutor estava preocupado em saber quem era o seu
próximo. Todavia, Jesus estava interessado em que ele fosse o próximo de
alguém. Assim, não se preocupe em saber quem é o seu próximo; preocupe-se
em ser o próximo de alguém. Não se preocupe em saber quem é o seu próximo;
preocupe-se em saber quem é você. O seu próximo é todo e qualquer pessoa que
surgir em seu caminho com uma necessidade. Seja o próximo dessa pessoa.
4.
Esteja sempre pronto para amar. Na parábola contada
por Jesus, um sacerdote e um levita viram um homem em necessidade, mas não se
dispuseram a ajudá-lo. O samaritano, contudo, apesar de seus compromissos,
parou para socorrê-lo. Essa atitude do samaritano nos ensina sobre a
importância de estarmos sempre prontos para amar. Quando viram o homem em
necessidade, o sacerdote e o levita se perguntaram: o que eu vou perder se o
ajudar? Porém, quando o samaritano o viu, se perguntou: o que ele irá perder se
eu não o ajudar? Só está sempre pronto para amar aquele que se dispõe a perder.
5.
O amor não é um sentimento. A parábola contada por Jesus nos
apresenta um samaritano socorrendo, provavelmente, um judeu que estava em
necessidade. A Bíblia diz que os judeus e os samaritanos não se davam bem uns
com os outros; eram inimigos. Como foi possível, então, a um samaritano amar um
judeu necessitado? O amor não é um sentimento, mas uma decisão pensada e
calculada. Deus ama apesar de seus sentimentos. A Bíblia diz que ele sente ira
contra o pecador, mas o ama mesmo assim. Os sentimentos são reações
involuntárias diante de situações externas. Por isso, não geram
responsabilidade. Contudo, amar é uma decisão e, por isso, é responsabilidade.
Jesus nos ensinou a amar os inimigos. Se o amor fosse um sentimento quem seria
capaz de fazer isso? Todavia, se é uma atitude, quem não poderia?
Esse texto se encerra
com Jesus dizendo ao doutor da lei: “Vá e faça o mesmo”. Essas são as
mesmas palavras dele para nós hoje. E, para a prática do amor, temos o bom
samaritano como um grande exemplo e inspiração.
Em Cristo Jesus, esperança da Glória.
Até a última casa!
Pr. Luiz Antonio
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