Carta pastoral – Setembro de 2020 – ano V – 158
Série: “Jornada 12 em 4”
“Paixão pelos Perdidos”
Texto para ler: Isaías 6.8; João 11.33-35
Qual sentimento lhe vêm
ao coração quando você está dentro de um carro, parado em um semáforo, e uma
criança ou
um adulto carente se aproxima pedindo dinheiro?
Quais pessoas com
grandes problemas e necessidades você encontrou em seu caminho no dia de hoje?
São muitas as pessoas
ao nosso redor que estão perdidas e carentes. Jovens pedindo dinheiro em um
semáforo e, para tanto, fazendo malabarismos circenses. Um homem deitado sobre
papelões e coberto por uma fina manta embaixo da marquise de um luxuoso
edifício comercial. Uma mulher com síndrome do pânico que, por causa das
limitações da doença, não pôde cursar o último ano da faculdade, continuar a
trabalhar e mal consegue sair de casa. Um marido que não sabe mais o que fazer
para ajudar a esposa que está perturbada emocional e espiritualmente. Basta
abrir bem os olhos para notar os muitos problemas e necessitados que há na
nossa cidade.
O que sentimos quando
vemos cenas como essas? Repulsa e rejeição? Dó e pena? Desprezo e desdém? E o
que Deus sente? Quais sentimentos passam pelo coração do Todo-Poderoso ao ver a
humanidade perdida? Ele é insensível e fica indiferente? Ou é sensível e se
emociona?
Se temos paixão por
Deus ou queremos ser apaixonados por ele, temos de ser tocados pelo que lhe
toca o coração. O Pai não é insensível e indiferente à humanidade perdida e
seus problemas. Quando ele a vê é tocado em suas emoções. João 11.33-35 declara
que Jesus agitou-se no espírito, ficou perturbado e finalmente chorou ao ver
que o seu amigo Lázaro estava morto.
Um grande clamor de
Deus foi registrado pelo profeta Isaías, ao compadecer-se pelo perdido povo de
Israel: Então ouvi a voz do Senhor conclamando: Quem enviarei? Quem irá por
nós? Isaías 6.8.
1. Paixão pelos
perdidos está no coração de Deus. A história da ressurreição de Lázaro e o clamor divino ouvido
pelo profeta Isaías nos mostram que o coração de Deus está cheio de amor e
paixão pelos perdidos. Jesus, ao ver as multidões, teve compaixão delas,
porque estavam aflitas e desamparadas, como ovelhas sem pastor, Mateus
9.36. Ele também disse aos seus discípulos: A colheita é grande, mas os
trabalhadores são poucos. Peçam, pois, ao Senhor da colheita que envie trabalhadores
para a sua colheita, Mateus 9.37-38. Jesus compara as multidões de perdidos a
um grande campo pronto para a colheita. Entretanto, são poucos os
trabalhadores. São poucos os que se dispõem a ir às grandes multidões de
perdidos para lhes oferecer a paz e a segurança do evangelho. O número de
trabalhadores é insuficiente para tanta demanda. Em Rm 10.14-15 o apóstolo
Paulo faz uma série de questionamentos ao tratar desse mesmo tema: Como, pois,
invocarão aquele em quem não creram? E como crerão naquele de quem não
ouviram falar? E como ouvirão, se não houver quem pregue? E como pregarão,
se não forem enviados? O que responder a tão inquietantes perguntas?
2. Paixão pelos
perdidos pede prontidão para ir. Quando o Senhor perguntou, Quem enviarei? Quem irá por nós? Isaías
respondeu, Eis-me aqui. Envia-me. Isaías, homem de Deus, tinha paixão pelo
Senhor e por isso, paixão pelos perdidos. Ele se apresentou prontamente como
resposta ao chamado do Senhor. Se estivesse com Paulo quando ele fez aquela
série de perguntas, Isaías certamente teria respondido: Eis-me aqui. Envia-me.
Eu irei. Paixão pelos perdidos não é apenas um sentimento no coração, mas
também uma disposição para agir.
3. Paixão pelos
perdidos pede aproximação e envolvimento. Quando Jesus viu as multidões, percebeu
a sua aflição e ele foi tomado por uma grande compaixão. A paixão pelos
perdidos pede, além da prontidão para ir, aproximação e envolvimento. Devemos
ir ao encontro do perdido, devemos aproximar-nos dele, envolvendo-nos com ele e
suas necessidades. Não há como ter paixão pelo perdido e manter distância dele.
Jesus pôde ver as multidões e perceber a sua aflição porque estava no meio
delas.
4. Paixão pelos
perdidos pede compaixão. Paixão e compaixão são sentimentos distintos, apesar de
próximos. Jesus teve compaixão das multidões porque se importava com elas. O
que isso quer dizer? A paixão pelos perdidos levou Jesus a experimentar em si
mesmo a dor e o sofrimento das multidões. Ele teve empatia por elas, enxergou a
situação pelo seu ponto de vista.
5. A paixão pelos
perdidos pede oração. Jesus orientou seus discípulos a orar ao Pai pedindo mais
trabalhadores, pois era grande a multidão
de perdidos e poucos os que estavam dispostos a ir. De fato, no Reino de Deus,
nada acontece sem o poder da oração, tampouco a salvação dos perdidos. A paixão
pelos perdidos deixa de ser apenas um sentimento e passa a ser uma atitude
quando intercedemos pela sua salvação. Em Gênesis 18.16-33, Abraão rogou ao
Senhor para não destruir Sodoma e Gomorra, como estava planejado, por causa dos
justos que viviam ali. Pediu-lhe para poupar os ímpios por amor aos justos.
Essa paixão vem do coração de Deus. Por
sermos apaixonados pelo Pai, também nos tornamos apaixonados pelos perdidos.
Isso, no entanto, não deve ficar restrito ao coração, temos de agir. Como?
Dispondo-nos a ir onde estão os perdidos, aproximando-nos e envolvendo-nos com
eles. Como Jesus, devemos ter compaixão e interceder por eles. Por fim, todas
essas ações, além de outras, são motivadas por paixão e por valores corretos.
Qual é o valor de uma alma para Jesus? Uma alma vale mais do que o mundo
inteiro, declara o Mestre, em Lucas 9.25.
Em Cristo Jesus, esperança da Glória.
Até a última casa!
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